Retalhos

"Posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las". Voltaire.

sábado, janeiro 19, 2008

Texto retirado do site da Livraria Letra Livre

Morreu dia 5 de Janeiro o escritor e editor Luiz Pacheco. Morreu velho, lúcido, irónico, igual a si mesmo. Dele se pode dizer, apesar de lhe desagradarem os rótulos, que era um dos poucos escritores «malditos», neste país de bachareis em busca de dinheiro, comendas e fama. Publicou, na sua editora Contraponto, Herberto Hélder, Mário Cesariny e Natália Correia antes da moda. Nas palavras de Vítor Silva Tavares, editor da &etc e seu amigo: «fez uma simbiose muito forte entre os seu percurso de vida e a sua literatura", desdobrando-se «na personagem que ele próprio criou, a personagem de vadio e pedinte, de libertino, de libertário, de iconoclasta». Passou pelos tribunais, pela prisão, pela rua e por lares de terceira idade. Viu seus livros serem apreendidos. Dos amigos intimou – e recebeu – ajuda, do Estado pouco, para não dizer nada.

Deixa na sua literatura e nos seus textos de crítica literária uma marca original que nem os seus críticos, nem a hipócrita unanimidade póstuma da paróquia, poderão ocultar. Foi único, diferente e fez o que neste país é pecado mortal: mijou fora do penico -esse grande penico da política, dos bons costumes e da crítica literária. Entre os seus principais livros estão «A Comunidade», «O Libertino Passeia por Braga…», «Teodolito» e textos de crítica literária reunidos em obras como «Literatura Comestível» e «Textos de Guerrilha»,