Retalhos

"Posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las". Voltaire.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Treinar a ignorância

Sei que muito provavelmente serei chamado de ignorante, mas no fundo quero provar que ser ignorante pode ser positivo, e que é uma característica que bem treinada pode ser tão importante como outra qualquer. A ignorância pode ser considerada como falta de conhecimento, sabedoria ou instrução ou quem sabe a crença em falsidades. Contudo se pensarmos um pouco, não seríamos um pouco mais felizes e realizados se tivéssemos a capacidade de ignorar algumas coisas? Por exemplo a questão do petróleo, a guerra, a fome etc. Não que esteja a desvalorizar quem rema contra a maré, já dizia Madre Teresa de Calcutá “ Por vezes, sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota” mas vou mais na óptica de José Freitas Dias “A confiança que depositamos num amigo é proporcional ao amor que lhe dedicamos”, isto para dizer que num prisma social a ignorância poderá ser uma mais valia “coração que não sente não sofre”, se faltar a consciência faltará a dor. A ignorância é a fonte de contos e de lendas, do folclore, de histórias de arrepiar, do conforto do coração e acima de tudo a melhor defesa em relação a insultos pessoais, desprezo? Desprezo é a consciência de um insulto que nos ofende mas que nos forçamos a não demonstrar, ignorância? Ignorância é um mecanismo de defesa, para a publicidade enganosa, para os insultos pessoais, para as tramas do quotidiano, uma defesa para o indivíduo altruísta numa sociedade consumista, efémera e sedenta de indivíduos cheios de consciência. Ela não tem preconceitos, não discrimina, não ofende e quando for selectiva será uma arma de poder incalculável. Será negativa quando for justificação para erros, mas será um principio de desenvolvimento, ou não seja o pensamento divergente o principio do conhecimento, então se for ignorante, demonstrar falta de sabedoria e não perceber alguma coisa pode sempre dizer que está prestes a evoluir. Quando Nicolau Copérnico afirmou que era a terra que girava em torno do sol e não o contrario, foi chamado de ignorante, pois revelou falta de conhecimento e crença em falsidade, contudo tinha razão. O mal da ignorância é que vai adquirindo “confiança” à medida que se prolonga, mas bem treinada, a ignorância pode útil, já dizia Sófocles “Tenho o hábito de não falar daquilo que ignoro”, senão fosse possível ignorar algumas coisas, não seríamos capazes de nos especializar. Todos somos ignorantes, nem todos o assumimos, para Thomas Sowell, “Necessitamos de um grande conhecimento só para nos apercebemos da enormidade da nossa ignorância” porque “Nada faz um homem ter tantas suspeitas como o facto de saber pouco” (Francis Bacon). Como disse um ilustre tertuliano, quanto mais aprendo, mais ignorante sou.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tenho que ser sincera, ao principio estava desconfiada em relação ao tema, mas no fim acanbei por concordar

2:09 da tarde  

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