Retalhos

"Posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las". Voltaire.

quarta-feira, maio 24, 2006

PMA

Não é um partido, não é um movimento, não é um grupo musical, não é a sigla de nenhuma empresa é a futura lei que irá regular as técnicas de Procriação Medicamente Assistida. Quando escrevi o post de dia 22 estava a milhas de imaginar que estava na forja esta lei. Normalmente, utilizando uma expressão popular, uma lei é para todos, pois bem nem todas e esta muito menos, isto porque, por exemplo eu, não poderia recorrer à PMA, esta lei é só para casais (de sexos diferentes), maiores de 18 anos que vivam em condições semelhantes ás dos conjugues. Logicamente que se gerou um protesto, alegando descriminação, uma pessoa sozinha não pode recorrer a estas técnicas. Mas nem tudo é mau, a futura lei permite a investigação com embriões excedentários (podemos sempre ir a Espanha vende-los), proíbe a maternidade de substituição e a clonagem com fins reprodutivos. Quero deixar bem claro, que quando digo que nem tudo é mau, refiro ao facto que existe matéria nesta lei para além daquela que levantou o protesto. Quanto a mim, estou divido, se critiquei por não existir legislação em Portugal que regulasse a matéria, acho que ainda não pensei o suficiente sobre o assunto para ter uma posição clara e objectiva. O meu pai conta uma história que se aplica muito bem a estas questões, a história do menino, do velho e do burro, certo dia passeavam os 3 pelo campo, o menino e o velho caminhavam lado a lado segurando o burro por uma corda, ao passar pela primeira aldeia, diz alguém “coitado do menino, tão novinho e a caminhar tanto, podia ir em cima do burro”, assim se fez. Na segunda aldeia, diz alguém “coitado do velhinho, podia ir em cima do burro”, assim se fez. Na terceira aldeia, diz alguém “coitado do burro, ter que suportar o menino e o velho”. Todos sabemos que este conto é folclore, mas ilustra bem a mensagem que quero passar, por mais justa, coerente, real, necessária que seja uma lei, terá sempre quem a defenda e quem a conteste, acho perfeitamente natural, resta defender o direito de nos pronunciar sobre ela.