Retalhos

"Posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las". Voltaire.

quarta-feira, maio 13, 2009

Não sei se sei...

Sem apostar
Tudo perdi
Sem arriscar
Só defendi

Quando me dei
não me prendi
Nunca pensei
Só conclui

Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei
Viver sem ti

De tanto olhar
Eu não te vi
Tentei escutar
E não te ouvi

Não perguntei
Só respondi
Não procurei
Nem descobri

Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei
Viver sem ti

Andei,
Não sei como cheguei aqui
Parei,
Não posso mais viver sem ti

Quero te ter
Já decidi
Eu vou correr
Atrás de ti

Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei
Viver sem ti
Não sei se sei

"Não sei se sei" - Taxi

Contra mim falo...

"Os sábios não dizem tudo o que sabem, os tolos não sabem tudo o que dizem."

O problema das redes sociais

Engraçado constatar que existem opiniões tão díspares no que diz respeito às redes sociais (HI5, Facebook, Twitter). Temos pessoas completamente fervorosas na defesa destas redes e da sua utilidade, que para elas é impensável passar um dia sem ir ver as actualizações, os recortes, as fotos, as frases, outras que visitam só quando recebem avisos, outros ainda só mesmo para actualizar fotos, dados ou preferências. Recentemente deparei-me quando o grupo cada vez maior de pessoas que contestam estas redes, com argumentos válidos e até com o sentido mais sério do que inicialmente se possa pensar. Esta argumentação passa sobretudo pela perda de privacidade, (já sei, se não querem que os outros saibam…) contudo é natural e comum a todos nós a vontade de partilhar com os nossos amigos alguns momentos, emoções, viagens, acontecimentos, e estas redes divulgam, ou são um veículo facilitador dessa divulgação, cada vez mais temos as fotografias digitais, cada vez menos temos as cartas de correio, cada vez menos fazemos visitas aos nossos amigos. Contudo a nossa vida fica mais exposta, as nossas preferências, tendências, gostos, rotinas até, isto pode-se tornar perigoso quando a informação é usada para fins menos próprios. Por outro lado algumas pessoas não gostam de dar a conhecer os seus amigos, ou aqueles com quem mantêm algum tipo de ligação. Independentemente dos argumentos creio que as redes sociais podem ser um mecanismo útil de socialização face à evolução social e tecnológica, mas também seguramente que são uma ameaça à vida privada e para alguns já são mesmo uma doença.

A medida urgente para muita gente

Numa pequena vila e estância balnear na costa sul de França chove e nada de especial acontece. A crise sente-se, toda a gente está carregada de dívidas e deve a toda a gente. Subitamente, um rico turista russo chega à recepção do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100 € sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar. O dono do hotel pega na nota de 100 € e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100 €, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100 € que lhe devia há algum tempo. Este, por sua vez, corre ao criador de gado que lhe vendera os leitões e este por sua vez corre a entregar os 100 € a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100 € e corre ao hotel a quem devia 100 € pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes. Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100 €, recebe o dinheiro e sai, não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescentado, contudo, todos liquidaram as suas dívidas.
Se o Estado paga-se todas as suas dívidas, a empresas e fornecedores, era provável que a crise não tivesse tantas consequências.

segunda-feira, maio 11, 2009

Um pensamento

"Que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim".

Um pensamento

"Aquilo que você der a uma mulher, ela vai tornar maior.
Se você der o seu esperma, ela te dará um bebé.
Se você lhe der uma casa, ela vai dar-lhe um lar.
Se você lhe der compras de mercearia, ela vai dar-lhe uma refeição.
Se você lhe der um sorriso, ela vai dar-lhe o seu coração.
Ela multiplica e amplia o que lhe é dado.

Portanto, se você lhe der qualquer porcaria, esteja preparado para receber uma tonelada de merda. "

As mulheres têm fios desligados - Crónica de António Lobo Antunes‏

As mulheres têm fios desligados


Há uns tempos a Joana
- Pai, acabei um namoro à homem.
Perguntei como era acabar um namoro à homem e vai a miúda
-Disse-lhe o problema não está em ti, está em mim.
O que me fez pensar como as mulheres são corajosas e os homens cobardes. Em primeiro lugar só terminam uma relação quando têm outra. Em segundo lugar são incapazes de
- Já não gosto de ti
de
- Não quero mais
chegam com discursos vagos, circulares
- Preciso de tempo para pensar
- Não é que não te amo, amo-te, mas tenho de ficar sozinho umas semanas
ou declarações do género de
- Tu mereces melhor do que eu
- Estive a reflectir e acho que não te faço feliz
- Necessito de um mês de solidão para sentir a tua falta
e aos amigos
- Dá-me os parabéns que lá me consegui livrar da chata
- Custou-me mas foi
- Amandei-lhe daquelas lérias do costume e a gaja engoliu
- Chora um dia ou dois e passa-lhe
e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar
(chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore)
ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas,
pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? Lembro-me de um sujeito que explicava
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é saber que durante uma semana estou safo
e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las. O Dinis Machado contava-me de um conhecedor que lhe aclarava as ideias
- As mulheres têm fios desligados
e um outro elucidou-me que eram como os telefones: avariam-se sem que se entenda a razão, emudecem, não funcionam e o remédio é bater com o aparelho na mesa para que comecem a trabalhar outra vez. Meu Deus, que pena me dão as mulheres. Se informam
- Já não gosto de ti
se informam
-Não quero mais
aí estão eles a alterarem a agressividade com a súplica, ora violentos ora infantis, a fazerem esperas, a chorarem nos SMS a levantarem a mãozinha e, no instante seguinte, a ameaçarem matar-se, a preseguirem, a insistirem, a fazerem figuras tristes, a escreverem cartas lamentosas e ameaçadoras, a entrarem pelo emprego dentro, a pegarem no braço, a sacudirem, a mandarem flores eles que nunca mandavam flores, a colocarem-se de plantão à porta dado que aquela puta há-de ter outro e vai pagá-las, dispostos a partes-gagas, cenas ridículas, gritos. A miséria da maior parte dos casais, elas a sonharem com o Zorro, com o Che Guevara ou eles a sonharem com o decote da vizinha de baixo, de maneira que ao irem para a cama são quatro: os dois que lá se deitam e os outros dois com quem sonham. Sinceramente as minhas filhas preocupam-me: receio que lhe caia na sorte um caramelo que passe à frente delas nas portas, não lhes abra o carro, desapareça logo a seguir por chichi-sede-fome-persiana-mal-descida-e-os-ladrões-percebes, não se levante quando entram, comece a comer primeiro e um belo dia
(para citar noventa por cento dos escritores portugueses)
- O problema não está em ti, está em mim
a mexerem na faca à mesa ou a atormentarem a argola do guardanapo, cobardes como sempre. Não tenho nada contra os homens: até gosto de alguns. Dos meus amigos. De Shubert. De Ovídio. De Horácio, de Virgílio. De Velásquez. De Rui Costa. De Einzenberger. Razoável, a minha colecção. Não tenho nada contra os homens a não ser no que se refere às mulheres. E não me excluo: fui cobarde, idiota, desonesto.
Fui
(espero que não muitas vezes)
rasca.
Volta e meia surge-me na cabeça uma frase de Conrad em que ele comenta que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. A partir de certa altura deixa-se de se jogar às cartas connosco mesmos e de fazer batota com os outros. O problema não está em ti, está em mim, que extraordinária treta. Como os elogios que vêm logo depois: és inteligente, és sensível, és boa, és generosa, oxalá encontres etc., que mulher não ouviu bugigangas destas? Uma amiga contou-me que o marido iniciou o discurso habitual
- Mereces melhor que eu
levou como resposta
- Pois mereço. Rua.
Enfim, mais ou menos isto, e estou a ver a cara dele à banda. Nem uma lágrima para amostra. Rua. A mesma lágrima para amostra. Rua. A mesma amiga para uma amiga sua
- O que faço às cartas de amor que me escreveu?
e a amiga sua
- Manda-lhas. Pode ser que lhe façam falta.
Fazem de certeza: é so copiar mudando o nome. Perguntei à minha amiga
- E depois de ele se ir embora?
- Depois chorei um bocado e passou-me.
Ontém jantámos juntos. Fumámos um cigarro no automóvel dela, fui para casa e comecei a escrever isto. Palavra de honra que na janela uma árvore a sorrir-me. Podem não acreditar mas uma árvore a sorrir-me.

domingo, maio 03, 2009

Será que sabemos amar?

É inegável, a sensação de estarmos apaixonados, a intensidade do amor que por vezes sentimos é extraordinária e arrebatadora. Esta força faz-nos sentir vivos, maiores, melhores. Sorrimos por tudo e por nada. Tudo parece mais fácil, mais sublime… Acreditamos, voltamos a acreditar na vida, no intangível milagre da vida. Independente do futuro, amar vale a pena por si mesmo. Vai dar certo, não vai dar certo? Não importa, importa amar, importa transmitir isso ao outro, importa fazê-lo sentir isso. Será que os outros sentem o nosso amor? Isso também não importa… ou será que importa? Perguntam-me; e então a dor que se sente quando não estamos juntos? Sim, é doloroso… a saudade pode ser terrível, mas vale a pena agarrarmo-nos aos momentos que estivemos juntos e aqueles que vamos ter no futuro. De que adianta massacrarmo-nos? Só estragamos o momento, a boa vibração. Será que sabemos amar? Será que as nossas dependências e medos irracionais deixam que amemos em liberdade? Será que sabemos o que é a liberdade? Amor e Liberdade parecem inconciliáveis mas é exactamente o oposto. Não podemos amar sem sermos livres e mais ainda, sem deixarmos os nossos companheiros viverem a vida como querem. Custa discordar? Custa vê-los bater com a cabeça na parede e fazer asneiras que a nós nos parecem escusadas? Custa horrores, mas temos que respeitar. Acima de tudo devemos aproveitar cada oportunidade que a vida nos dá para amarmos. Há quem não tenha tido sequer essa chance...Amar requer entrega? Sim, e depois? O que é que nos pode acontecer? Perder o companheiro? Pois, pode acontecer. O que fazer? Suportar a dor da perda, tentar compreender, aceitar e continuar a acreditar. Se nós continuarmos a acreditar, outro milagre surge na nossa vida. Sim, porque apaixonar-nos é um milagre que tem que ser vivido. Apesar de tudo vale a pena amar!
N.B. - Autor desconhecido